segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Quando o bebê nasce fica ótimo, fica tudo bem... Mas e o futuro?

No capítulo sobre parto natural da tese de doutorado de Eleanor Luzes:


"...Aquele que nasce e vive o ritual de entrada no novo mundo, com tantos outroselementos, percebe que os olhos podem ver a mãe mais claramente, aprende de queboca sai a voz que ele tanto conhece, como são os olhos daquela cuja voz eemoções aprendeu a viver junto e descobre, aos poucos, que agora vai andarjunto dela por este mundo, descobrindo cada vez mais coisas e, ao mesmo tempo,distanciando-se de sua mãe tanto mais o tempo passa. No entanto, é importantenotar que a capacidade de vôo, quando tiver chegado o momento de voar, estáproporcionalmente relacionada ao que foi usufruído na gravidez, no parto e nopós-parto imediato. Tudo isso vai depender da plenitude com que se viveu otempo de confiança absoluta e da qualidade de chegada na vida, que esta tenhasido de muita intimidade e amor. Sendo assim, um dia será possível voar paralonge, como fazem os pássaros, no seu tempo, se não lhes têm as asas partidas.



Nesteprocesso, certas qualidades são “plasmadas” no âmago de uma pessoa; novosatributos ficam como que impressos no seu inconsciente. O nascimento é aprimeira grande transição que imprime no inconsciente do recém nascido, demaneira profunda, noções que ficam arraigadas para o resto da vida. Sabemoshoje, por exemplo, que uma grande conseqüência do advento do parto hospitalarcom anestesia foi o surgimento de uma população de drogados. Drogas existemdesde a mais remota antiguidade e as sintetizadas existem desde o século XIX,mas a partir da década de sessenta houve um considerável aumento de viciados emdrogas, justamente na primeira geração da História a nascer sob sedação.Informes de diversos países mapeiam correlações entre o surgimento do partohospitalar, altamente tecnológico, e suas sérias conseqüências como oaparecimento de autismo, bulemia, anorexia, tendência a cometer delitos,dificuldade de socialização e tendência ao suicídio.



O parto sempre se deu em ambiente domiciliar, mas durante a Segunda Guerra, ele foi levado para dentrodos hospitais. Nesta época, como será visto adiante, muitos procedimentos foramcriados e, por tradição, são mantidos até hoje. Na década de 1980, surgiu, emcontraposição a este modo de ação, um novo paradigma ao que hoje se chama demedicina baseada em evidências. Tal paradigma coloca em questão, de maneirasignificativa, muitos dos procedimentos utilizados pela medicina tradicional."


Eleanor Luzes é psiquiatra, psicanalista junguiana e autora da tese de doutorado A Ciência no Início da Vida (2009).
Aqui você pode saber mais sobre ela. E aqui pode ler a tese.

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